Sunday, March 18, 2007

Roube-o comigo! (Ou: Sem motocicletas, porém, Selvagens!)

Ele me diz que vai fazer isso para “tomar um rumo na vida”.
Ah, mantém o pensamento pueril ainda sob a carcaça lânguida esse meu rapaz.
Há tigres e há cordeiros...
Blake, meu filho. Claro que você se lembra.
Você sempre soube... e nunca quis ser diferente, sempre perambulou entre esses dois entes.
Nesses meios-tempos que ficamos distantes, ambos correram veredas intrincadas, ambos saíram exaustivamente pelas portas do fundo, ambos abraçaram e foram abraçados por muitos, ora com fel, ora com mel, ambos titubearam defronte as pelejas, ambos também trucidaram incertezas, AMBOS OS DOIS, CONCOMITANTEMENTE JUNTOS, lancearam ao Universo suas extravagâncias e demências, assim, como ramalhetes de indulgências, acetinados pelo frescor de cada novo furor que militantemente tecíamos.
Sim, amado. Somos selvagens, somos malucos, mas somos acima de tudo, muito tesudos de um afã qualquer melhor.
...
em prol de quê?
Nem moto eu tenho.
E vc?

Se exasperada eu te amo no dia de hoje, o motivo é o “apenas isso” de sempre:
Há milhares de servis entre os civis,
Há milhares de pulhas entre as patrulhas, nem de lá nem de cá nos encontramos.
Fora de quadro para sempre e tão somente porquê pagamos o preço da autenticidade nessa hecatombe que chamamos de cidade.
Arregace-se, meu amigo!
O mundo tinhoso precisa ser exaurido!
Sabemos desde antes de aportar por aqui que poucos vivem, que a maioria apenas existe.
Wilde, meu filho. Claro que você se insiste.
O mundo medroso TEM que ser corrompido,
Continue sendo você mesmo, amado-amigo, usufruindo ao seu modo do mundo, cada milímetro.
Venha... roube-o comigo.

( "Até nas sociedades mais primitivas o Louco era tido como uma figura respeitável" - Rumble Fish)